terça-feira, 6 de julho de 2010

Psicologia Ambiental


O que é Psicologia Ambiental? Da onde veio? E quais as possibilidades de trabalho?

A Psicologia Ambiental é um tema que pode gerar controvérsia dentro da Psicologia. É uma área prática da Psicologia que ainda está em desenvolvimento no Brasil, e que pouco é abordada durante a graduação, o que gera desconhecimento, fantasias e dúvidas entre muitos profissionais do que realmente é a Psicologia Ambiental.

A Psicologia Ambiental cresceu a partir da Psicologia Social e se difere desta por focar a problemática existente da relação do homem com seu ambiente, e os impactos causados. No início a Psicologia Ambiental (PA), focou mais precisamente seus estudos nas questões ambientais, atualmemte a PA passou a abordar diversas problemáticas que fogem de questões ecológicas, e segundo diversos autores a PA perdeu sua especialidade depois dos anos 60.

Uma das grandes divergências dentro da PA é época em que surgiu, no Brasil, Maria do Carmo Guedes é constantemente considerada como uma das pioneiras da PA ao utlizá-la no planejamento de cidades na década de 60.
Em termos gerais a PA é uma área da psicologia conhecida por estudar o ambiente natural e/ou construído que está em interação com o indíviduo, é de natureza multidisciplinar, portanto, se utiliza de técnicas e métodos de outras disciplinas e está em constante troca com outros saberes, como a arquitetura, sociologia, urbanismo, ergonomia, design, pedagogia, dentre outras. Apesar de ser mulidisciplinar e multilateral, a PA não utiliza nenhum método particular de pesquisa
O que interessa para a Psicologia Ambiental é a inter-relação entre o meio e o indíviduo e age sobre um ou ambos para possibilitar mudanças, isto é, esta área percebe o indíviduo como parte da problemática e o insere na solução, sendo assim, muitas vezes considerada como holística.

A PA atualmente pode intervir em diversos locais e de diferentes maneiras, as que mais se destacam são:

1) Intervir em situações de desatres naturais, a nível de prevenção;

2) Identificar e intervir sobre o comportamento ecológico, como uso de água por exemplo, de forma que promova a sustentabilidade e acarrete em economia de energia. Forma de intervenção praticada em empresas e organizações;

3) Interfervir junto a família e comunidade em busca do desenvolvimento sustentável;

4) Promover murais participativos e outras mamifestações artísticas como ações coletivas de sensibilização social;

5) Intervir sobre os modos de melhorias da condição de moradia de uma comunidade, visando promoção do cuidado com o meio, prevenindo quanto ao contágio de doenças que podem ser decorrentes da relação indevida com o ambiente.

6) Atuar junto a políticas públicas de forma a promover o papel do cidadão, reforçando comportamentos pró-ambientais e de reciclagem;

7) Promover a participação cidadã no planejamento urbano;

8) Buscar mudanças no ambiente que promovam a sensação de bem-estar e que possam auxiliar na concentração e desenvolvimento de uma tarefa, modo de intervenção utilizado em escolas ou organizações;

9) Identificar e modificar de valores e crenças quanto a agressões cometidas ao ambiente, como grafitagem ou destruição do patrimônio público;

10) Intervir no comportamento do indivíduo quanto ao trânsito, buscando melhorias da relação entre homem e trânsito e soluções;


O grande objetivo da PA é resolver problemas exitentes em decorrência da relação do homem com seu ambiente, tendo como grande finalidade o aumento e melhoria da qualidade de vida, ou seja, a PA busca a congruência entre homem e ambiente, significando possibilitar o bem-estar do individuo no ambiente de forma sustentável, desafios cada vez maiores devido a globalização e hábitos de vida da nossa sociedade. Hoje fala-se que a prática da PA deve estar voltada para a prevenção, atendendo as necessidades da demanda e promovendo uma maior conscientização ambiental.

Hoje em dia nós vemos a parte da natureza, fragmentamos o mundo, e não reconhecemos nossa natureza e familiaridades com outros seres vivos. O que acontece a nível de degradação ambiental não é visto como parte de nosso mundo/realidade, tudo acontece lá longe nas calotas polares ou numa floresta. Se tal espécie está em extinção, é problema dos zóologos, se tem lixo na rua, o problema não é meu, já que moro a quilometros dali, se o trânsito está cada vez mais congestionado, não vejo como meus atos podem estar contribuindo com isto. Hoje nos colocamos a parte da natureza, e nos distanciamos de nossa própria natureza. O homem deve voltar seu olhar para si próprio de forma que se veja como parte integrante de seu ambiente para que possa se responsabilizar por seus atos.


domingo, 13 de junho de 2010

Prática Hospitalar

*Aqui pretendo escrever post sobre minha experiência profissional e assuntos relacionados a prática da psicologia, sendo o primeiro sobre a Psicologia na Prática Hospitalar.


A prática da psicologia no hospital é considerada como uma variante da prática clínica, o que diferencia desta última é o setting, o tempo e muitas vezes o foco.
É um trabalho especializado que visa promover a saúde, realizar a prevenção e oferecer assistência integral aos pacientes no hospital (CABRAL, 2007). No hospital é importante estabelecer o vínculo com o paciente logo no primeiro contato, mas muitas vezes isso não será possível.

Dentro do hospital as dificuldades que o psicólogo encontra são variadas, deste da resistência da equipe e/ou do paciente, até obstáculos relacionados a infra-estrutura, como ter que atender paciente no corredor. Mas isto são detalhes que o psicólogo hospitalar deve aprender a lidar.

Ainda assim, a psicologia no hospital é extremamente importante, pois muitas vezes é apenas com a visita do psicólogo, que o paciente encontra um espaço acolhedor, onde pode verbalizar seu sofrimento e assim minimizá-lo durante o período em que ficar hospitalizado, se possível.

Os conhecimentos que o psicólogo deve possuir para atuar no hospital são basicamente ter conhecimentos teóricos de alguma abordagem psicológica, para embasar seu trabalhar, conhecer um pouco sobre o doença de seu paciente, e entender sobre a função da enfermeria, do médico, do assistente social e de outros profissionais. E principalmente ter conhecimentos em entrevista clínica, saber como direcionar o atendimento, pois o psicólogo está lá para que o paciente diga ao psicólogo quem ele é, portanto, o psicólogo deve saber ouvir sem as interferências da fala da equipe médica sobre o paciente.

Um cuidado importante que o psicólogo deve ter é de saber escutar, o paciente vai verbalizar sobre seu desconforto e suas fontes de preocupação, e o psicólogo deve ouvir atentamente e pontuar sobre o que o paciente lhe diz, sempre pedindo maiores esclarecimentos. Por exemplo, quando um paciente diz que é triste estar doente, o psicólogo não deve assumir que é por causa dos sintomas ou algo do tipo, mas questionar o que é triste para ele. Deixar que o paciente diga o que ele quer dizer e descobrir o significado que isto tem para ele.

O psicólogo no hospital, "tem sua função centrada nos âmbitos secundário e terceirário de atenção à saúde, atuando em insituições de saúde e realizando atividades como: atendimento psicoterapêutico; grupos psicoterapêuticos; grupos de profilaxia; atendimentos em ambulatórios e unidade de terapia intensiva; pronto atendimento; enfermarias em geral; psicomotrocidade no contexto hopitalar; avaliação diagnóstica, psicodiagnóstico; consultoria e interconsulta." (CABRAL, 2007).

Assim, geralmente o psicólogo atua realizando visitas nos leitos oferecendo um espaço de escuta, em que o paciente tem a escolha de aceitar ou recusar. Uma vez aceito, o psicólogo irá realizar a primeira entrevista, investigando sobre como o paciente chegou ao hospital, seu entendimento da doença, sua vida lá fora, e as expectativas do tratamento e seus medos.

Mesmo aceitando o atendimento psicológico, o paciente pode não querer tocar num desses assuntos citados acima, o psicólogo deve então saber respeitar o desejo do paciente e oferecer um espaço de escuta não punitivo, onde o paciente possa falar daquilo que é importante para ele, mesmo que seja sobre sua frustração do seu time ter perdido ou da preocupação de receber o diagnóstico.

Desde do primeiro contato o psicólogo deverá estar atento com estado mental do paciente, como está seu humor, como é seu padrão de fala, se é um paciente orientado quanto ao tempo e espaço, se há alguma alteração visível motora ou outras alterações cognitivas, e se tem capacidade de julgamento preservado. Pois são estes dados que geralmente o psicólogo irá relatar no prontuário. É sempre aconselhavél conversar diretamente com o médico responsável pelo paciente quando se é observado algum tipo de alteração, pois muitas vezes será necessário chamar a psiquiatria para realizar uma avaliação, ou pode ser consultado algum profissional da Terapia Ocupacional ou Musicoterapia para realizar algum procedimento de reabilitação.

O psicólogo também poderá ofercer atendimento aos familiares e/ou acompanhantes, e quando possível pedir permissão ao paciente hospitalizado antes de atender seus familiares. É importante sempre evidenciar a questão do sigilo aos pacientes, e explicar como funciona o atendimento psicológico no hospital.

É comum que mesmo após a apresentação "Bom dia, Fulano. Eu sou a psicóloga...", o paciente não "escute" a palavra "psicóloga", e confunde o profissional com o médico, enfermeiro, ou assistente social, e apenas no terceio ou quarto contato, perguntará; "Mas o que você é mesmo?". Ou mesmo que tenha assimilado a palavra "psicólogo" na apresentação, não saberá o tipo de profissional que você é ou sua função.

Com crianças o primeiro contato chega a ser assustador para elas, pois muitas não tem idade para entender o que é psicologia e diferenciar um profissional do outro, e no momento em que vêem o psicológo entrando no quarto com seu jaleco branco, ficam paralizadas procurando a mãe ou responsável, com medo de que o psicólogo lhes dará outra injenção ou realizará outro procedimento parecido. Por isso, que é aconselhavél que deste o primeiro contato o psicólogo leve algum instumento para facilitar o estabelecimento do vínculo com as crianças, elas relaxam quando percebem que o psicólogo leva desenhos ou brinquedos para ela.
No geral, o paciente esá longe de sua casa e de sua rotina, e pode estar com dor, em jejum, sobre efeito de uma medicação ou com algum outro desconforto físico, assim a prática psicológica no hopital, apesar de ter os mesmos moldes clínicos, não se insere como uma psicoterapia, mas tem como objetivo minimizar o sofrimento, reforçar atitudes saudáveis ou fortalecer aspectos saudáveis do ego, dependendo da abordagem seguida. A intervenção deve ser sempre feita com muito cuidado, pois o paciente hospiatalizado está num momento de fragilização e certas intervenções podem mais prejudicar do que ajudar.

Assim, a prática no hospital é um trabalho que pode ser satisfatório e que pode ajudar os pacientes, seus familiares e equipe médica, mas deve ser realizado com muito cuidado. Entretanto, é um trabalho que apresenta muitas frustações ao psicólogo, desde lidar com as resistências, até ter que lidar com o fato de não poder ver os frutos de se trabalho, pois raramente se é possivel fazer acompanhamento pós alta.



Referência



CABRAL, Winston Batista. A atuação do psicólogo no hospital para a promoção de saúde (2007). Disponível em: www.redepsi.com.br/portal/modules/smartsection/item.php?itemid=461. Acesso em: 16 fev 2009.