domingo, 13 de junho de 2010

Prática Hospitalar

*Aqui pretendo escrever post sobre minha experiência profissional e assuntos relacionados a prática da psicologia, sendo o primeiro sobre a Psicologia na Prática Hospitalar.


A prática da psicologia no hospital é considerada como uma variante da prática clínica, o que diferencia desta última é o setting, o tempo e muitas vezes o foco.
É um trabalho especializado que visa promover a saúde, realizar a prevenção e oferecer assistência integral aos pacientes no hospital (CABRAL, 2007). No hospital é importante estabelecer o vínculo com o paciente logo no primeiro contato, mas muitas vezes isso não será possível.

Dentro do hospital as dificuldades que o psicólogo encontra são variadas, deste da resistência da equipe e/ou do paciente, até obstáculos relacionados a infra-estrutura, como ter que atender paciente no corredor. Mas isto são detalhes que o psicólogo hospitalar deve aprender a lidar.

Ainda assim, a psicologia no hospital é extremamente importante, pois muitas vezes é apenas com a visita do psicólogo, que o paciente encontra um espaço acolhedor, onde pode verbalizar seu sofrimento e assim minimizá-lo durante o período em que ficar hospitalizado, se possível.

Os conhecimentos que o psicólogo deve possuir para atuar no hospital são basicamente ter conhecimentos teóricos de alguma abordagem psicológica, para embasar seu trabalhar, conhecer um pouco sobre o doença de seu paciente, e entender sobre a função da enfermeria, do médico, do assistente social e de outros profissionais. E principalmente ter conhecimentos em entrevista clínica, saber como direcionar o atendimento, pois o psicólogo está lá para que o paciente diga ao psicólogo quem ele é, portanto, o psicólogo deve saber ouvir sem as interferências da fala da equipe médica sobre o paciente.

Um cuidado importante que o psicólogo deve ter é de saber escutar, o paciente vai verbalizar sobre seu desconforto e suas fontes de preocupação, e o psicólogo deve ouvir atentamente e pontuar sobre o que o paciente lhe diz, sempre pedindo maiores esclarecimentos. Por exemplo, quando um paciente diz que é triste estar doente, o psicólogo não deve assumir que é por causa dos sintomas ou algo do tipo, mas questionar o que é triste para ele. Deixar que o paciente diga o que ele quer dizer e descobrir o significado que isto tem para ele.

O psicólogo no hospital, "tem sua função centrada nos âmbitos secundário e terceirário de atenção à saúde, atuando em insituições de saúde e realizando atividades como: atendimento psicoterapêutico; grupos psicoterapêuticos; grupos de profilaxia; atendimentos em ambulatórios e unidade de terapia intensiva; pronto atendimento; enfermarias em geral; psicomotrocidade no contexto hopitalar; avaliação diagnóstica, psicodiagnóstico; consultoria e interconsulta." (CABRAL, 2007).

Assim, geralmente o psicólogo atua realizando visitas nos leitos oferecendo um espaço de escuta, em que o paciente tem a escolha de aceitar ou recusar. Uma vez aceito, o psicólogo irá realizar a primeira entrevista, investigando sobre como o paciente chegou ao hospital, seu entendimento da doença, sua vida lá fora, e as expectativas do tratamento e seus medos.

Mesmo aceitando o atendimento psicológico, o paciente pode não querer tocar num desses assuntos citados acima, o psicólogo deve então saber respeitar o desejo do paciente e oferecer um espaço de escuta não punitivo, onde o paciente possa falar daquilo que é importante para ele, mesmo que seja sobre sua frustração do seu time ter perdido ou da preocupação de receber o diagnóstico.

Desde do primeiro contato o psicólogo deverá estar atento com estado mental do paciente, como está seu humor, como é seu padrão de fala, se é um paciente orientado quanto ao tempo e espaço, se há alguma alteração visível motora ou outras alterações cognitivas, e se tem capacidade de julgamento preservado. Pois são estes dados que geralmente o psicólogo irá relatar no prontuário. É sempre aconselhavél conversar diretamente com o médico responsável pelo paciente quando se é observado algum tipo de alteração, pois muitas vezes será necessário chamar a psiquiatria para realizar uma avaliação, ou pode ser consultado algum profissional da Terapia Ocupacional ou Musicoterapia para realizar algum procedimento de reabilitação.

O psicólogo também poderá ofercer atendimento aos familiares e/ou acompanhantes, e quando possível pedir permissão ao paciente hospitalizado antes de atender seus familiares. É importante sempre evidenciar a questão do sigilo aos pacientes, e explicar como funciona o atendimento psicológico no hospital.

É comum que mesmo após a apresentação "Bom dia, Fulano. Eu sou a psicóloga...", o paciente não "escute" a palavra "psicóloga", e confunde o profissional com o médico, enfermeiro, ou assistente social, e apenas no terceio ou quarto contato, perguntará; "Mas o que você é mesmo?". Ou mesmo que tenha assimilado a palavra "psicólogo" na apresentação, não saberá o tipo de profissional que você é ou sua função.

Com crianças o primeiro contato chega a ser assustador para elas, pois muitas não tem idade para entender o que é psicologia e diferenciar um profissional do outro, e no momento em que vêem o psicológo entrando no quarto com seu jaleco branco, ficam paralizadas procurando a mãe ou responsável, com medo de que o psicólogo lhes dará outra injenção ou realizará outro procedimento parecido. Por isso, que é aconselhavél que deste o primeiro contato o psicólogo leve algum instumento para facilitar o estabelecimento do vínculo com as crianças, elas relaxam quando percebem que o psicólogo leva desenhos ou brinquedos para ela.
No geral, o paciente esá longe de sua casa e de sua rotina, e pode estar com dor, em jejum, sobre efeito de uma medicação ou com algum outro desconforto físico, assim a prática psicológica no hopital, apesar de ter os mesmos moldes clínicos, não se insere como uma psicoterapia, mas tem como objetivo minimizar o sofrimento, reforçar atitudes saudáveis ou fortalecer aspectos saudáveis do ego, dependendo da abordagem seguida. A intervenção deve ser sempre feita com muito cuidado, pois o paciente hospiatalizado está num momento de fragilização e certas intervenções podem mais prejudicar do que ajudar.

Assim, a prática no hospital é um trabalho que pode ser satisfatório e que pode ajudar os pacientes, seus familiares e equipe médica, mas deve ser realizado com muito cuidado. Entretanto, é um trabalho que apresenta muitas frustações ao psicólogo, desde lidar com as resistências, até ter que lidar com o fato de não poder ver os frutos de se trabalho, pois raramente se é possivel fazer acompanhamento pós alta.



Referência



CABRAL, Winston Batista. A atuação do psicólogo no hospital para a promoção de saúde (2007). Disponível em: www.redepsi.com.br/portal/modules/smartsection/item.php?itemid=461. Acesso em: 16 fev 2009.




2 comentários:

  1. Bom dia Thaisa, tudo bem? estou fazendo meu TCC sobre psicologia Hospitalar, gostei muito do seu post e gostaria de saber se posso usar partes dele para o meu trabalho? Parabens pelo trabalho!Elisangela.

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